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quinta-feira, 31 de maio de 2012

LENDO E COMENTANDO


HERMÍNIO MIRANDA
Na revista inglesa “Two Worlds”, nunca faltam os comentários de Silver Birch, obtidos nas sessões que se realizam no circulo iniciado por Hannen Swaffer. Recentemente, como informa o número de Julho de 63, compareceu a uma daquelas sessões a famosa Michaela Denis, que realizou, com seu ma­rido, uma série de filmes do tipo “safari”, para a televisão britânica.
Já havia lido muito sobre o guia espiritual e estava ansiosa por falar-lhe diretamente. O Espírito a recebe cordialmente e lhe faz interessante observação: “Antes de mais nada, devo explicar que se me torna muito difícil corresponder à imagem que de mim pintaram. Não sou o sábio onisciente que parece emergir dessas palavras impressas. Sou apenas um ser humano como a senhora mesma, que caminhou um pouco mais ao longo da estrada da vida e fez uma revisão na sua caminhada, porque umas poucas experiências me proporcionaram certo conhecimento. Gostaria de compartilhar esse conhecimento com quem quer que se interessasse em recebê-lo. Alegro-me em saber que alguma coisa, do que tenho dito, encontrou abrigo nas almas e nas mentes alheias.”
Pouco adiante prega a unicidade perfeita da vida, dizendo que o mesmo espírito divino anima todas as criaturas e recomenda à sua ouvinte que nunca se canse de trabalhar pelo ideal de compaixão para com os animais, pois que “essa é a razão pela qual a senhora se encarnou no mundo da matéria. Há muito tempo - prossegue o Espírito -a senhora decidiu voltar (come back) a fim de desempenhar importante papel na campanha destinada a ajudar a neutralizar o sofrimento causado por homens desorientados, voluntariosos e perversos”.
E’ bom chamar a atenção do leitor para a pregação reencarnacionista de Silver Birch, o mais respeitado, admirado e famoso guia espiritual ora entre os ingleses. Isso porque não falta quem diga que os Espíritos que se manifestam no mundo anglo-saxônio são contrários à reencarnação. Aqui temos um que o não é; e, como dizia o sábio, é bastante um urubu branco para provar que nem todos os urubus são negros.
A tranqüila sabedoria deste Espírito é fonte de constante satisfação para todos os que o ouvem e lêem. Para tudo quanto lhe perguntam tem uma resposta adequada e oportuna. Sabedor de que uma pessoa não queria interessar-se pelos fenômenos psíquicos, porque tinha medo, respondeu o Espírito: “E’ o medo do desconhecido, tal como o da criança que teme a escuridão. Mas a escuridão é parte integrante do amor do Grande Espírito, da mesma forma que, a luz. Sem a sombra não haveria a luz nem a vida, porque toda a vida germina na sombra. Entretanto, nada deve ser forçado nesta esfera. Quando o espírito estiver pronto, ele próprio haverá de inquirir.”
Mais adiante, lembra sua ouvinte que o pioneirismo exige que por ele se pague um preço. Mas, diz Silver Birch, “contar-lhe-ei um segredo: Se fosse fácil tomar-se pioneiro, não valeria a pena sê-lo”.
E depois, volta a insistir em que é apenas “o porta-voz de uma sabedoria maior”. Umas poucas linhas atrás, ensinava que “servir, servir, servir, essa é a religião do Espírito”. E acrescentava: “Não nos interessam rituais, cerimônias, credos, doutrinas ou dogmas. Isso não importa, a não ser, talvez, para produzir alguma satisfação de natureza estética.”
Menciona, a seguir, as dificuldades que às vezes temos de enfrentar, pelo fato de possuirmos um corpo físico. Recomenda que não nos deixemos do­minar por esses problemas. “Vocês são - já disse isto antes - Espíritos na posse de um corpo e não corpos que têm um Espírito, o que é inteiramente diferente. O corpo é servo, o Espírito é rei. Não transponham essas posições.”
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Prossegue a publicação da série de comunicações recebidas por intermédio de Geraldine Cum­mins, acerca do mundo espiritual dos pássaros. O Espírito comunicante se dirige à irmã encarnada, para falar do trabalho que ele vem desenvolvendo nos “laboratórios da Natureza”. Conta-lhe as coisas que ela viu em sua companhia quando, afastada do corpo físico pelo sono fisiológico, foi inteirar-se da atividade do irmão desencarnado. Há muita coisa interessante na comunicação, que relata o imenso, delicado e altamente técnico trabalho de estudo e preparo que vai no simples nascimento de um pás­saro ou de uma borboleta, bem como o estudo dos sons e das cores que vão servir a esses minúsculos seres de Deus.
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C. K. Shaw descreve em sua coluna a reação (favorável) que teve ao seu artigo anterior sobre a fé, que ele considera, e com justeza, uma força real e poderosa como a gravidade ou a eletricidade.
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Edmund Bentley conta um simpático episódio no qual um sábio Swami, em Baleshwar, na Índia, salvou a vida de um tigre da paixão destruidora de dois caçadores ingleses. O Swami tinha uma espécie de contrato com os animais de toda a região: nem os bichos incomodariam os homens, nem estes àqueles. Os dois ingleses estavam a ponto de pôr tudo a perder, quebrando o trato. O misterioso Swami se ofereceu então para aparecer à noite, sob o luar, com um tigre vivo e uma corça e passar em frente ao posto onde estariam os ingleses, para que estes, deslumbrados pelo espetáculo da fraternidade entre homens e bichos, desistissem de seus propósitos. Isso foi feito e tudo acabou bem, mas os ingleses custaram um pouco a crer nos seus próprios olhos.
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A Sra. Anne Doodley analisa o livro “An Outline of Spirituol Healing” de Gordon Turner (publicado pela firma Parrish, ao preço de 16 shillings). O autor, segundo esclarece a nota crítica, fala de suas experiências de médium curador que, pratica­mente, não vê limites no poder de realizar o que dantes se chamava “milagre”. Descreve um dos seus casos notáveis, informando que, chamado para acudir um gatinho de estimação que havia sido atropelado, concluiu que nada mais podia fazer. O bichinho mal respirava; um veterinário já lhe havia aplicado uma injeção sedativa para evitar-lhe o sofrimento. O Sr. Turner achou, porém, que deveria ajoelhar-se e orar com as mãos estendidas sobre o gatinho, para “ajudar a passagem do seu espírito para uma região mais feliz”. Qual não foi sua surpresa, porém, ao cabo de dois ou três minutos, ao ver o bichano levantar-se, atravessar a sala e ir tranquilamente tomar um pouco de leite. Não teve mais nada e tornou-se um animal adulto.
“A cura espiritual - diz ele - não resulta da intervenção direta de Deus para derrogar suas próprias leis. E’ a restauração de um estado de harmonia, conseguido pelo ajustamento nas relações entre o ser físico e o espiritual.”
Aí está uma explicação perfeitamente aceitável e de acordo com a melhor doutrina. Não deixa de ser bastante alentador verificar-se que os princípios pregados pelo Espiritismo, há um século, vão-se divulgando uniformemente pelo mundo afora, num trabalho notável que traz em si uma unidade de propósitos e de inspiração realmente extraordinários.
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Um leitor que assina R. Fenn, oferece a idéia de um aparelho eletrônico para dispensar a necessidade do médium na comunicação espírita. A coisa é algo complicada e, ao que parece, o próprio autor da idéia não tem uma concepção muito nítida da máquina. Em resumo, porém, seria um aparelho que, em contacto com a pele do indivíduo, receberia dos músculos deste os sinais captados do mundo espiritual e os transmitida, eletronicamente, a urna agulha que, por sua vez, registraria as vibrações num cilindro de cera. Depois, era só tocar o cilindro para ouvir os sons ali gravados. A idéia, diz o autor, é baseada no princípio de que “isso a que chamamos Espíritos são, na realidade, grupos de atitudes mentais, qualidades, memórias, etc. (que integram a personalidade) e ocasionalmente se ligam ao médium”.
Ao pé da carta do leitor, a revista imprimiu um comentário sóbrio, mas bastante lúcido: “Estaria correta a presunção de que “isso a que chamamos Espíritos são na realidade grupos de atitudes mentais, etc.?”
Não é preciso comentar. O Espírito sobrevive mesmo, integralmente, como entidade consciente, dono de uma vontade própria, tal como era na Terra. A única diferença é que não tem mais seu corpo físico. Não é, pois, um mero conjunto de atitudes mentais. E uma consequência, que se baseia numa premissa falsa, também sai falsa.
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Algumas páginas adiante a revista transcreve uma comunicação firmada pelo Espírito de Lorde Curzon, na qual o comunicante apresenta seguros argumentos contra a tese de que o médium retira de seu próprio subconsciente o teor das suas produções. “Com que faculdade, pergunta o Espírito, a mente seleciona inconscientemente o assunto, põe­-no em ordem e o reproduz num estilo correto, tão velozmente, e ao mesmo tempo adota, como autor fictício da comunicação, um nome pessoalmente desconhecido?” Em seguida, volta-se para a Psicologia e a critica de forma inteligente. Termina dizendo que, sem desejar profetizar, “dentro de poucos anos vossos livros didáticos de Psicologia parecerão mais antiquados que Tomás de Aquino
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Finalmente um pequeno trabalho de W. O’Neil, que julga a mediunidade algo “contagiante”, por assim dizer, pois que, ao lado de certos médiuns, outros se desenvolvem paulatinamente, por um pro­cesso magnético ainda pouco estudado. No intercâmbio de vibrações da aura do médium para a daqueles que o cercam, se processam fenômenos de natureza magnética. O médium, na opinião do autor, seria uma espécie de eletro-magneto a receber força dos que se acham à sua volta.
Não tenho conhecimento científico para discutir o assunto, mas a idéia parece pelo menos digna de consideração. Em nosso meio, já existem estudos altamente eruditos contidos nos livros “Evolução em Dois Mundos” e “Mecanismos da Mediunidade”, ambos da Federação. E’ uma pena que a ciência oficial ainda não se tenha dedicado mais profunda­mente ao assunto. Quando o fizer, os livros espíritas servirão de subsídio precioso às suas pesquisas. Lá chegaremos em breve, segundo todos nós esta­mos sentindo, tanto encarnados como desencarnados. E’ o que confirmava ainda há pouco o Espírito de Lorde Curzon, o grande político e pensador inglês.

Fonte: Reformador, fevereiro, 1964
Responsável pela transcrição: Wadi Ibrahim

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