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do Banco Santander
Agencia:0493

Tesoureiro:
"João Ricardo Ferreira"

domingo, 17 de junho de 2018

A Convivência Perfeita


– E os filhos?
– Adoro todos eles, mas são Espíritos imaturos que dão trabalho e não raro
desgostos. Imagine que Pedro, o mais velho, envolveu-se com drogas! Júnior, o do
meio, “aborrecente” típico, vive a me questionar; Jussara é delicada e sensível
mas puxou o gênio da mãe. Se contrariada, sai de perto! Um horror!
– São seus credores. Cobram prejuízos que você lhes causou em vidas
anteriores…
– Certamente! Estou consciente desse compromisso. Tento fazer o melhor,
sustentando a estabilidade do lar. Às vezes perco o controle. Envergonho-me das
brigas em que me envolvo… convenhamos, porém, que ninguém é de ferro…
Mário Vicente suspirou, emocionado:
– Sinto falta de um relacionamento familiar sustentado por legítima
afinidade. Todos olhando na mesma direção, empenhados em cultivar a paz, o
trabalho do bem, a amizade, a compreensão… Seria o paraíso! Vejo-me como um
retardatário, preso a compromissos decorrentes de besteiras que andei cometendo
purgando meus débitos. Certamente aprontei muito!
– Espera alcançar a família espiritual?
– Claro! Hei de cumprir minhas obrigações, fazendo o melhor, a fim de merecer
um retorno ao convívio de meus queridos, em estágios mais altos… Tenho
convicção de que uma companheira muito amada espera por meu sucesso nas
provações humanas para nos reunirmos.
Animado por seus sonhos Mário Vicente esforçava-se para superar as
dificuldades de relacionamento junto à esposa e filhos. Tolerava suas
impertinências. Fazia de tudo para ajudá-lo. Exercitava carinho e compreensão.
O atendimento dos compromissos junto à família humana haveria de lhe
proporcionar o sonhado reencontro com a família espiritual.
Passaram-se os anos.
Os filhos casaram, vieram netos, ampliou-se o grupo familiar, sucederam-se os
problemas mas nosso herói até que conseguiu sair-se relativamente bem,
acumulando méritos.
Ao completar setenta e dois anos regressou à Pátria Espiritual.
Espírita esclarecido, não teve dificuldade para reconhecer-se fora do seu
escafandro de carne, amparado por generosos benfeitores.
Após os primeiros tempos, já adaptado à nova situação procurou dedicado
orientador da instituição socorrista que o abrigara. Foi logo pedindo, inspirado
pelo ideal que acalentava:
– Estimaria, se possível, receber notícias de minha família espiritual…
– Seus familiares estão bem, nas lutas de sempre, sofrendo e aprendendo, como
todos os homens.
– Estão reencarnados? Pensei que os encontraria aqui!
– Você conviveu com eles até alguns meses atrás. Não sabe que continuam na
Terra?
-Não me refiro à família humana. Anseio abraçar os entes queridos de priscas
eras, e sobretudo, a amada perdida nas brumas do passado…
O mentor sorriu:
– Falou bonito, mas está equivocado, meu amigo. Sua família espiritual é
aquela que lhe marcou a experiência na Terra.
Reformador – Março de 1997

domingo, 10 de junho de 2018

Autoconhecimento


É interessante notar como nos embaralhamos com questões simples, como, por exemplo, identificar algumas de nossas limitações ou falar sobre algumas de nossas virtudes.
Grande parte desta dificuldade é cultural, fruto do aprendemos no contato com a sociedade e acabamos por transferir, sem reflexão, à nossa forma de lidar com o mundo. Temos, portanto, problemas em conhecer limitações e grandes dramas de consciência em reconhecer nossas virtudes.
Conhecer limitações: temos receio de falar de nossas fragilidades porque queremos nos sentir sempre fortes. Aprendemos isto desde tenra idade. “Homem não chora”. “A vida não premia os fracos”. “Vivemos numa selva de pedras”. Encampamos essas ideias e deixamos de praticar o que propõe Santo Agostinho, na questão 919 de O Livro dos Espíritos, referindo-se ao autoconhecimento e a interrogação à própria consciência.
A sociedade, em algumas situações, prega a competição predatória e o individualismo, então vamos neste embalo e consideramos os outros nossos concorrentes, por isso não falamos de nossas fragilidades, dores e dificuldades. Preferimos guardar a sete chaves e esconder nossos receios e limitações até de nós mesmos. Ou seja, bloqueio o autoconhecimento e, por consequência ignoro os pontos em que devo direcionar minhas energias para melhorar como ser humano. E isso ocorre porque não nos estudamos, conseqüentemente, não nos conhecemos. Transitamos de mãos dadas com nossas limitações por não sabermos identificá-las.
Conhecer virtudes: e por outro lado fomos ensinados a cultivar uma humildade de fachada, uma humildade apática, em que é “PECADO” conhecer virtudes que possuímos. Temos medo de que o outro nos ache arrogante, por isso, não raro, desvalorizamo-nos. Aliás, a cultura da desvalorização prejudica a estima do indivíduo e abarrota consultórios de terapeutas, psicólogos e psiquiatras. Isso para não falar que fomenta a tresloucada idéia do suicídio, porquanto o suicida geralmente é aquele que não reconhece seus valores, seus talentos e habilidades, julga-se um peso para o mundo, afunda-se em seus dilemas, e então, vê no suicídio a porta para salvação. Isso também ocorre porque não nos estudamos, e, portanto, não nos conhecemos.
É necessário romper os cadeados do preconceito para que possamos nos estudar com eficácia. Saber em que nível de evolução moral e intelectual estamos, o que já conquistamos e o que falta conquistar. Quais são nossas imperfeições morais, quais são nossas maiores dificuldades e como fazer para superar estas fragilidades. São questões que podemos propor a nós mesmos, a fim de que identifiquemos o estágio evolutivo no qual nos encontramos.
Importante lembrar: reconhecer fragilidades não é sinal de inferioridade, ao contrário, alguém para reconhecer uma limitação e falar naturalmente dela é alguém já amadurecido para tanto. A mesma regra vale para a questão que envolve o conhecimento de nossas habilidades e virtudes. Reconhecer em nós alguma virtude, ou algo que sabemos fazer bem feito, não quer dizer falta de humildade ou arrogância. A prepotência não está em sabermos de nosso valor, mas, sim, se usamos esses valores conquistados para subjugar, humilhar e desdenhar do outro. Desde que não nos infectemos pelo vírus da auto suficiência e não nos consideremos superiores a ninguém, não há porque deixarmos de reconhecer nossas habilidades.
Será o estudo sobre nós mesmos e a reflexão em torno de nossas limitações e virtudes que nos estenderão o tapete vermelho para o auto conhecimento, proporcionado-nos um caminhar mais sereno pelos palcos da existência, conforme ensina Santo Agostinho e já o fazia Sócrates, antes ainda do surgimento do Espiritismo.
Interessante sugestão para trabalharmos o autoconhecimento é utilizarmos o semelhante no feedback de nossas limitações. Claro que é preciso estar em franco processo de amadurecimento para tratar deste tema, mas é sempre uma ferramente importante e opinião do outro a nosso respeito, e pode despertar em nós a vontade em ser alguém melhor.
Costumava pedir aos meus filhos, após o estudo do Evangelho, que escrevessem três pontos em mim que os incomodavam. Informava que não haveria retaliação, ou seja, os presentes de final de ano estariam garantidos. A sinceridade, então, rolava solta e pude, ao longo do tempo em que fizemos este exercício, descobrir coisas bem “interessantes” a meu respeito. Confesso que alguns pontos não foram fáceis de admitir, mas colocaram-me face a face com o que eu precisava modificar para que a convivência fosse cada vez mais harmônica.
A consciência de que somos Espíritos imortais, todavia ainda não estamos prontos, mas nos “aprontando” a cada reencarnação é um dos fatores que faz com que possamos focar mais nos desenvolvimento de nossas potencialidades intelectuais e morais.
Autoconhecimento, portanto, trata-se da chave para o crescimento em direção a Deus e a paz de consciência.
Autor: Wellington Balbo

Tesouro Nem Sempre Valorizado



A maior felicidade que podemos desfrutar no cotidiano diário é a convivência com pessoas afins, com pessoas amigas de verdade. A juventude passa num instante, o dinheiro troca de mão e a saúde é sujeita às fragilidades próprias de nosso tempo.
O que fica realmente são os sentimentos. E eles são sólidos quando construídos pela afeição verdadeira, sem interesses e onde prevalecem o respeito e a consideração real.
Pessoas afins são pessoas que amam e são amadas mutuamente. Por isso sente-se o prazer da convivência recíproca. Daí a razão de se buscarem, de se alimentarem emocionalmente porque significam autenticidade nos sentimentos.
Segundo o dicionário, amigo é pessoa que quer bem a outra, defensor, protetor. Já a palavra amizade é definida como o sentimento de amigo, afeto que liga as pessoas, reciprocidade do afeto, benevolência, amor.
Já se disse que quem tem um amigo, tem um tesouro. E pesquisas recentes indicam que ter amigos aumenta o tempo de vida e protege a saúde contra doenças, especialmente aquelas que afetam o coração. É que a convivência com amigos autênticos proporciona o incomparável prazer de estar com pessoas com quem não precisamos nos preocupar em como vamos nos portar, o que vamos dizer… Estar com amigos livra-nos do ambiente constrangedor de muitas vezes “pisar em ovos”. Com eles, somos nós mesmos, naturalmente.
Os amigos nos entendem, nos compreendem, nos aceitam. Como somos. E estes sentimentos são recíprocos. É aquela cumplicidade natural da reciprocidade do afeto. Mesmo que tenhamos de chamar a atenção ou sermos advertidos, em virtude de qualquer equívoco, isto será feito com jeito, sabendo abordar o assunto, sem magoar, sem constranger. É que entre amigos há um ingrediente fundamental para a boa convivência: o respeito mútuo.
Basta pensar que as causas dos atritos, desentendimentos e intrigas estão nas tentativas de imposição das ideias ou no desrespeito à liberdade de cada um. A amizade leal é a mais formosa modalidade de amor fraterno, segundo Emmanuel, consagrado autor. Por isso pensemos nos amigos! E reflitamos nos benefícios que este magno sentimento é capaz de espalhar onde se apresente. Antes, pois, de qualquer iniciativa, sejamos amigos uns dos outros, e sentiremos a vontade da convivência saudável de quem se quer bem…
Não podemos, todavia, esquecer o Amigo Incondicional da Humanidade: Jesus! Sempre presente na vida humana, poderia ter enviado um representante para a Terra, a fim de apresentar o Evangelho. Mas fez questão de estar pessoalmente entre nós, pelo amor fraternal e autêntica amizade que dedica a seus irmão ainda em processo evolutivo, lento e difícil.
A amizade é mesmo um sentimento notável, virtude a ser cultivada, tesouro e fonte de imensas alegrias que precisamos valorizar e cultivar.
Autor: Orson Peter Carrara